ANS acena com intervenção, bloqueio de bens de diretores e perda da marca Unimed em Belém

As “anormalidades’ que emolduram a administração do CEO Wilson Newa há mais de dez anos são o pano de fundo da decisão.

Por Olavo Dutra | Colaboradores

19/09/2024 11:02
ANS acena com intervenção, bloqueio de bens de diretores e perda da marca Unimed em Belém
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que se diz - e não à boca pequena, fique claro desde já - é que a Unimed Belém, cujo CEO é o médico Wilson Newa, personagem de um enredo bizarro e fantástico, teve o dedo da Unimed Brasil espetado na cara por conta de “anormalidades de ordem econômica e financeira” na cooperativa.      


O aparente ocaso da cooperativa, além da desassistência aos usuários e dos prejuízos, está devidamente depositado na conta do CEO Wilson Newa/Fotos: Divulgação.
 

A Coluna Olavo Dutra, que tem se debruçado sobre o leito onde a cooperativa agoniza nos últimos meses, não conseguiu, até agora, acessar o suposto documento encaminhado à diretoria da cooperativa, mas há informações robustas de que os termos - senão a sentença - são claros, duros e definitivos. No português claro: a Unimed do Brasil dá prazo de 30 dias para a adoção de medidas capazes de mitigar as anormalidades - ou para desligar os aparelhos, por assim dizer.

 

Os termos se baseiam  em mecanismos legais que norteiam o Sistema Cooperativo Unimed, e dão conta da iminente decretação de ‘direção fiscal e técnica’ por parte da Agência Nacional de Saúde, ANS, possível bloqueio dos bens dos membros do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva e risco de perda da marca Unimed.

 

Na marca do pênalti

 

A saída possível - só há uma, e ainda por cima com prazo de validade -, é a adoção de medidas urgentes contra as anormalidades. Só para lembrar, a Unimed Belém amarga três ‘direções fiscais’, isto é, três intervenções da ANS. A última, com duração de oito ou nove meses, vigorou até agosto de 2017. Uma eventual quarta intervenção seria o fim da agonia?

 

Administração temerária

 

A noção geral de que o sistema de saúde suplementar apresentou resultados positivos durante a pandemia de covid parece não ter se estendido à Unimed Belém, desde que, em 2021, a cooperativa mergulhou de cabeça em uma crise que vem se agigantando até hoje, revelando uma gestão reconhecida como “temerária” e avaliação nacional pífia. Como o quadro crítico persiste, ao ponto de atingir avaliação ‘zero’, a ANS resolveu agir, provavelmente - dado o conhecimento do caso - como que apostando na Lei de Murphy, aquela segundo a qual o que está ruim, tende a piorar inapelavelmente.

 

Dividir o pão azedo

 

Não à toa, mas por razões já delineadas pela coluna em edições anteriores, a Unimed Belém está em vias de ratear as perdas do exercício de 2024 da Federação da Amazônia, no montante de R$ 280 milhões ou mais - onde o CEO Wilson Newa também é presidente e já se encontra sob “direção fiscal” - com os médicos cooperados da Unimed Belém.

 

Fora dos conformes

 

Segundo fontes da Coluna Olavo Dutra, o presidente do Conselho de Administração, médico Wilson Newa, que ocupa o cargo desde 2013, perdeu as condições legais de administrador, conforme resolução da ANS publicada no Diário Oficial da União em 5 de julho de 2024.  É exatamente esta situação de impedimento legal de Newa que aponta para a possibilidade de cancelamento da autorização de funcionamento por parte da Unimed Belém para atuar como operadora de planos de saúde pela ANS, inclusive ensejando a transferência compulsória de sua carteira de beneficiários.  

 

Entre as dez piores

 

Além disso, Unimed Belém está entre as dez operadoras de grande porte com o maior número de reclamações junto à Agência nacional e ‘desfila’, soberba, na faixa mais gravosa do monitoramento de garantia de atendimento aos usuários nos primeiros três meses deste ano - caso em que qualquer semelhança com desassistência e prejuízos à marca não deve ser considerado mera coincidência; muito pelo contrário.  

  

Papo Reto

 

· A reunião com governadores, prevista para hoje, chamada por Lula (foto) para tentar dividir com os gestores estaduais o ônus da inoperância do governo federal na questão das queimadas, acabou cancelada.

 

· Veja como são os interesses - ou a falta deles: dos 594 congressistas, apenas 27 deputados e quatro senadores destinaram emendas parlamentares individuais aos três programas de interesse apresentados pelo Ministério do Meio Ambiente para este ano.

 

· Somadas, as emendas totalizam R$ 35,7 milhões. Apenas dois deputados enviaram recursos para ações diretas de prevenção e combate ao fogo.

 

· Parece que só agora a Força Nacional vai, de fato, ajudar a combater incêndios florestais em seis Estados, associada a órgãos de segurança pública e aos de proteção do meio ambiente.

 

· Não se sabe o que é mais letal, se as chamas - algumas por sinal criminosas - ou a "lerdeza do governo federal", como dizem os gaúchos.

 

·  Já que o País vive a mais grave seca dos últimos 94 anos e o verão está chegando no centro-sul, gerando consumo mais elevado de energia, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico se reúne hoje, devendo desenterrar o horário de verão.

 

· Testemunhas de Jeová em alerta: o STF julga hoje o direito a tratamento alternativo, sem transfusão de sangue, pago pelo SUS.

 

· Por falar no Sistema Único de Saúde, ninguém explica a razão pela qual o Pará, que também já está muito afetado pela estiagem, ficou de fora da força-tarefa do SUS que já atua em três Estados do Norte.

 

· Os beneficiados são Acre, Rondônia e Amazonas, que recebem com suprimentos regulares de água e insumos à saúde, além de fornecimento de alimentos.

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