que se diz - e não à boca pequena, fique claro desde já - é que a Unimed Belém, cujo CEO é o médico Wilson Newa, personagem de um enredo bizarro e fantástico, teve o dedo da Unimed Brasil espetado na cara por conta de “anormalidades de ordem econômica e financeira” na cooperativa.
A Coluna Olavo Dutra, que
tem se debruçado sobre o leito onde a cooperativa agoniza nos últimos meses,
não conseguiu, até agora, acessar o suposto documento encaminhado à diretoria
da cooperativa, mas há informações robustas de que os termos - senão a sentença
- são claros, duros e definitivos. No português claro: a Unimed do
Brasil dá prazo de 30 dias para a adoção de medidas capazes de mitigar
as anormalidades - ou para desligar os aparelhos, por assim dizer.
Os termos se baseiam em mecanismos legais que norteiam o Sistema
Cooperativo Unimed, e dão conta da iminente decretação de ‘direção fiscal e
técnica’ por parte da Agência Nacional de Saúde, ANS, possível bloqueio
dos bens dos membros do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva
e risco de perda da marca Unimed.
Na marca do pênalti
A saída possível - só há uma, e ainda
por cima com prazo de validade -, é a adoção de medidas urgentes contra as
anormalidades. Só para lembrar, a Unimed Belém amarga três ‘direções fiscais’,
isto é, três intervenções da ANS. A última, com duração de oito ou nove meses,
vigorou até agosto de 2017. Uma eventual quarta intervenção seria o fim da
agonia?
Administração temerária
A noção geral de que o sistema de
saúde suplementar apresentou resultados positivos durante a pandemia de
covid parece não ter se estendido à Unimed Belém, desde que, em 2021, a
cooperativa mergulhou de cabeça em uma crise que vem se agigantando até hoje, revelando
uma gestão reconhecida como “temerária” e avaliação nacional pífia. Como o
quadro crítico persiste, ao ponto de atingir avaliação ‘zero’, a ANS resolveu
agir, provavelmente - dado o conhecimento do caso - como que apostando na Lei
de Murphy, aquela segundo a qual o que está ruim, tende a piorar
inapelavelmente.
Dividir o pão azedo
Não à toa, mas por razões já
delineadas pela coluna em edições anteriores, a Unimed Belém está em vias
de ratear as perdas do exercício de 2024 da Federação da Amazônia, no
montante de R$ 280 milhões ou mais - onde o CEO Wilson Newa também é presidente
e já se encontra sob “direção fiscal” - com os médicos cooperados da Unimed
Belém.
Fora dos conformes
Segundo fontes da Coluna
Olavo Dutra, o presidente do Conselho de Administração, médico Wilson Newa,
que ocupa o cargo desde 2013, perdeu as condições legais de administrador,
conforme resolução da ANS publicada no Diário Oficial da União em 5 de
julho de 2024. É exatamente esta situação de impedimento legal de Newa
que aponta para a possibilidade de cancelamento da autorização de
funcionamento por parte da Unimed Belém para atuar como operadora
de planos de saúde pela ANS, inclusive ensejando a transferência
compulsória de sua carteira de beneficiários.
Entre as dez piores
Além disso, Unimed Belém está
entre as dez operadoras de grande porte com o maior número de reclamações junto
à Agência nacional e ‘desfila’, soberba, na faixa mais gravosa do monitoramento
de garantia de atendimento aos usuários nos primeiros três meses deste ano
- caso em que qualquer semelhança com desassistência e prejuízos à marca não
deve ser considerado mera coincidência; muito pelo contrário.
Papo Reto
· A reunião com governadores,
prevista para hoje, chamada por Lula (foto) para tentar
dividir com os gestores estaduais o ônus da inoperância do governo federal na
questão das queimadas, acabou cancelada.
· Veja como são os interesses -
ou a falta deles: dos 594 congressistas, apenas 27 deputados e quatro senadores
destinaram emendas parlamentares individuais aos três programas de interesse
apresentados pelo Ministério do Meio Ambiente para este ano.
· Somadas, as emendas totalizam R$
35,7 milhões. Apenas dois deputados enviaram recursos para ações diretas de
prevenção e combate ao fogo.
· Parece que só agora a Força
Nacional vai, de fato, ajudar a combater incêndios florestais em seis Estados,
associada a órgãos de segurança pública e aos de proteção do meio ambiente.
· Não se sabe o que é mais
letal, se as chamas - algumas por sinal criminosas - ou a "lerdeza do
governo federal", como dizem os gaúchos.
· Já que o País vive a
mais grave seca dos últimos 94 anos e o verão está chegando no centro-sul,
gerando consumo mais elevado de energia, o Comitê de Monitoramento do Setor
Elétrico se reúne hoje, devendo desenterrar o horário de verão.
· Testemunhas de Jeová em
alerta: o STF julga hoje o direito a tratamento alternativo, sem transfusão de
sangue, pago pelo SUS.
· Por falar no Sistema Único de
Saúde, ninguém explica a razão pela qual o Pará, que também já está muito
afetado pela estiagem, ficou de fora da força-tarefa do SUS que já atua em três
Estados do Norte.
· Os beneficiados são Acre,
Rondônia e Amazonas, que recebem com suprimentos regulares de água e insumos à
saúde, além de fornecimento de alimentos.