Crise hídrica

Um ano após seca histórica, rios não retomam o nível esperado e cidades do Pará banhadas pelo Amazonas ligam alerta

Parte dos rios está com cota abaixo da normalidade e bacias importantes do Solimões e do Amazonas não recuperaram de forma desejável na cheia. Forças de segurança preparam alertas.

06/07/2024 01:03
Um ano após seca histórica, rios não retomam o nível esperado e cidades do Pará banhadas pelo Amazonas ligam alerta

Belém, PA, e Rio de Janeiro, RJ - Menos de um ano após a seca histórica que assolou a Bacia Amazônica, moradores, ambientalistas e organizações empresariais acenderam o sinal de alerta sobre o risco de mais e maiores impactos com uma nova estiagem que começará em breve.


Moradores de cidades do Pará margeadas pelo rio Amazonas, um dos que, provavelmente, serão mais afetados no período da estiagem, já começam a se mobilizar na busca por água potável e demonstram extrema preocupação com a aquisição de alimentos. Em 2023, foi preciso assistir muitas dessas famílias com doações.


Na turística Alter do Chão, em Santarém (PA), essa época deveria ser de Rio Tapajós totalmente cheio, mas há diversas praias que costumam ser formadas em período de seca. A Ilha do Amor, que deveria aparecer somente em agosto, já está visível. Na Amazônia, o período de seca ou de chuva não é homogêneo. Em Roraima, a seca começa em fevereiro, enquanto no Pará o marco é outubro.


Seca histórica


No ano passado, a seca afetou mais de 500 mil pessoas no Pará, Amazonas, Acre e Rondônia, e levou ao menos 55 municípios ao estado de emergência. O volume dos rios da Bacia Amazônica, a maior do mundo, alcançou os menores níveis em mais de 120 anos de medição.


Durante o período chuvoso, no início do ano, algumas bacias, em especial as do Solimões e do Amazonas, as mais importantes, não recuperaram seus níveis de forma suficiente. Como as chuvas diminuem nos próximos meses nessas regiões, órgãos de segurança do Pará e do Amazonas emitiram alertas às populações de áreas remotas para que iniciem o estoque de água e alimentos.


O Serviço Geológico Brasileiro ainda não possui modelos de previsão mais longos, mas o monitoramento mostra trechos onde a água está abaixo do normal e reitera a escassez de água em rios importantes da região, como o Tapajós.


No ano passado, o volume dos rios da bacia hidrográfica amazônica, a maior do mundo com 1.100 afluentes e 17 rios com mais de 1,5 quilômetro de extensão, alcançou os menores níveis em mais de 120 anos de medição.


Uma seca é considerada severa na região quando o nível da água no porto de Manaus fica abaixo dos 15,8 metros. Em 26 de agosto de 2023, a faixa chegou a 12,70 m, o menor índice desde o começo da série histórica, em 1902. A estiagem foi vista em quase todos os grandes rios, como o Negro, Solimões, Purus, Juruá e Madeira.


A seca afetou gravemente a cadeia de logística, transporte de pessoas e de distribuição de mercadorias e insumos na Amazônia, onde o transporte fluvial é essencial. Enquanto cidades menores, que dependem do envio de combustível das capitais, sofreram com racionamento de energia, pois faltou até diesel para as termelétricas.



Foto: Reuters

(Com O Globo)

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