As Forças Armadas da Ucrânia usaram nesta semana uma nova arma contra a Rússia
em meio aos combates no leste do país. Pela primeira vez no campo de batalha,
mísseis de longo alcance cedidos pelos Estados Unidos, de acordo com dois
oficiais americanos e um parlamentar ucraniano que publicou sobre o ataque nas
redes sociais.
Esses foram os primeiros ataques com uma arma conhecida como ATACMS - sigla em
inglês para sistemas de mísseis táticos do exército - que a Casa Branca relutou
para fornecer com medo de que poderia escalar o conflito com a Rússia. Mas Biden
já havia dito ao presidente ucraniano Volodmir Zelenski durante uma visita à
Casa Branca, em setembro, que concordava em prover os mísseis, embora uma
versão de alcance limitado, segundo oficiais com acesso à conversa.
A versão do míssil ATACM enviado aos ucranianos é, de acordo com oficiais, em
número reduzido e equipada com um conjunto de munições - explosivos menores que
causam prejuízos em uma ampla área.
Os ataques ucranianos ocorreram em uma base próxima a cidade de Berdiansk, ao
sul, e em Luhansk, no leste e destruíram nove helicópteros, um depósito de
munições e equipamentos militares, assim como danificaram pistas de decolagens,
de acordo com as forças de operações especiais da Ucrânia.
Por mais de um ano desde o começo da guerra, a Casa Branca fugiu dos pedidos de
Zelenski por armamento. Parte da preocupação era que a Ucrânia pudesse usar os
mísseis para atacar alvos nas profundidades da Rússia. Por um período, oficiais
americanos acreditavam que o uso dos mísseis ATACMS poderia cruzar um ponto de
não-retorno que levaria os russos a considerar um ataque com armas nucleares.
Mas esse pensamento mudou. A maioria dos ATACMS têm um alcance de 190 milhas -
ou seja, pouco mais de 300 quilômetros -, por volta de 40 milhas a mais do que
o alcance mínimo dos mísseis franceses SCAPL e dos mísseis britânicos Storm
Shadows, que foram entregues à Ucrânia no começo deste ano. O míssil americano
se somará ao arsenal.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Divulgação/ Lockheed Martin/UOL