Varsóvia, 18 - Polônia, Hungria e Eslováquia desafiaram a decisão da
União Europeia (UE) de não renovar a proibição de compras de grãos ucranianos
em cinco Estados-membros, incluindo ainda Bulgária e Romênia, e informaram que
vão manter as restrições. A discordância reacendeu as tensões dentro do bloco e
criou uma divisão entre a Ucrânia e a Polônia, um dos principais aliados de
Kiev ao longo da guerra com a Rússia. Na sexta-feira, 15, a Comissão Europeia
revogou a medida restritiva que vigorava desde maio.
Após a decisão do bloco, autoridades das três nações informaram que vão manter
a restrição aos produtos da Ucrânia, sob o argumento de que o volume de grãos
ucranianos baratos prejudica produtores locais.
A Hungria informou que vai permitir que os produtos continuem a atravessar o
país, mas vai manter e ampliar a proibição de importação de vendas, disse o
secretário de Estado Zoltan Kovacs
A Eslováquia também deve impor uma proibição de grãos e de outros três produtos
agrícolas, segundo o porta-voz do primeiro-ministro, Peter Majer.
Já na Polônia, as eleições de outubro complicaram as negociações O Partido Lei
e Justiça, que busca se manter no poder, fez campanha intensamente ao campo,
com promessas de proteger os agricultores poloneses já prejudicados pelo fluxo
de grãos ucranianos causado pela recente retirada da Rússia do acordo do Mar
Negro.
"Iremos estender essa proibição, apesar de sua discordância", disse o
primeiro-ministro Mateusz Morawiecki em um comício. "Faremos isso porque é
do interesse do agricultor polonês", completou.
Desde maio, os grãos da Ucrânia tinham autorização para passar pelos cinco
países com destino a outras nações, mas não podiam ser comercializados
internamente, sob argumento de que concorriam a preços mais baixos com produtos
de agricultores locais.
Nos novos acordos da UE, a Ucrânia concordou em tomar medidas rápidas para
evitar um aumento nas exportações de grãos para o bloco. A União Europeia
concordou em não impor restrições desde que as medidas ucranianas fossem
eficazes.
A decisão da UE veio após semanas de negociações com o objetivo de encontrar um
compromisso. A Ucrânia ameaçava levar o bloco à Organização Mundial do Comércio
para buscar compensação.
Após a decisão favorável, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky escreveu
nas redes sociais que "é crítico que a solidariedade europeia agora
funcione em um nível bilateral". "Se suas decisões violarem a
legislação da UE, a Ucrânia responderá de maneira civilizada",
acrescentou.
Fonte: Estadão Conteúdo | Dow Jones Newswires
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