As autoridades
israelenses ordenaram nesta sexta-feira, 20, a retirada dos civis residentes da
cidade de Kiryat Shemona, localizada a cerca de 10 quilômetros da fronteira com
o Líbano, após dias de confrontos com os terroristas do Hezbollah na fronteira
com o país.
O ministro da Defesa, Yoav Gallant, aprovou a
medida e o comando do exército no norte comunicou esta manhã ao prefeito da
cidade, que abriga cerca de 25 mil pessoas. "O plano será levado adiante
pela autoridade local, pelo Ministério do Turismo e pelo Ministério da
defesa", disseram os militares israelenses em um comunicado.
Na quinta-feira, 19, o Hezbollah reivindicou a
responsabilidade pelo lançamento de mísseis antitanque e vários ataques a alvos
militares israelenses, enquanto as Brigadas Al Qasam, o braço armado do Hamas,
reivindicou a responsabilidade pelo disparo de cerca de 30 foguetes do sul do
Líbano em direção a duas cidades de Israel.
O Hezbollah, que possui um enorme arsenal de
foguetes de longo alcance, tem trocado tiros com Israel ao longo da fronteira
quase que diariamente e deu a entender que poderia se juntar à guerra se Israel
tentar aniquilar o Hamas. O Irã, arqui-inimigo de Israel, apoia os dois grupos
armados.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden,
prometeu apoio inabalável à segurança de Israel, "hoje e sempre",
acrescentando que o mundo "não pode ignorar a humanidade dos palestinos
inocentes" na sitiada Faixa de Gaza.
Em um discurso na noite de quinta-feira no Salão
Oval, horas após retornar a Washington de uma visita urgente a Israel, Biden
fez uma distinção entre os palestinos comuns e o Hamas. Ele associou a atual
guerra em Gaza à invasão russa na Ucrânia, dizendo que o Hamas e o presidente
russo Vladimir Putin "querem aniquilar completamente uma democracia
vizinha".
Biden disse que estava enviando uma
"solicitação de orçamento urgente" ao Congresso na sexta-feira, para
cobrir a ajuda militar de emergência a Israel e à Ucrânia.
Desde segunda-feira, 16, Israel evacuou cerca de
28 das próprias comunidades em um raio de dois quilômetros da fronteira com o
Líbano, que está passando por seu maior pico de tensão desde a guerra do
exército israelense com o Hezbollah em 2006. Comunidades próximas à Gaza também
foram esvaziadas, e os residentes foram colocados em hotéis em outras partes do
país em um programa financiado pelo Estado.
Em resposta aos recentes ataques, Israel avançou
sobre alvos do Hezbollah ao longo de toda a fronteira com artilharia pelo ar,
bem como infraestrutura e postos de observação do grupo, que no ano passado
ganhou uma presença notável sobre a Linha Azul, a linha divisória controlada
pela Organização das Nações Unidas (ONU) estabelecida em 2006.
"Além disso, os caças atacaram três
terroristas que tentaram lançar mísseis antitanque contra Israel",
confirmou um porta-voz militar israelense nesta manhã sobre o último ataque ao
sul do Líbano.
Kiryat Shmona tem estado em tensão desde o ataque
lançado pelo Hamas em solo israelense em 7 de outubro, Os últimos 13 dias de
escalada na fronteira deixaram pelo menos 30 mortos: cinco em Israel, quatro
soldados e um civil, e pelo menos 25 no Líbano, incluindo oito civis, entre
eles um cinegrafista da Reuters, 12 membros do Hezbollah e cinco membros dos
grupos terroristas,
Avanço israelense
As forças armadas israelenses atacaram Gaza
incansavelmente em retaliação ao devastador ataque do Hamas em 7 de outubro.
Mesmo depois que Israel ordenou uma evacuação em massa para o sul, os ataques
se estenderam por todo o território, aumentando os temores entre os 2,3 milhões
de habitantes do território de que nenhum lugar era seguro.
Enquanto isso, os terroristas do Hamas dispararam
barragens diárias de foguetes contra Israel a partir de Gaza, e as tensões
aumentaram na Cisjordânia ocupada por Israel, onde 13 palestinos, incluindo
cinco menores, foram mortos na quinta-feira durante uma batalha com as tropas
israelenses, na qual Israel convocou um ataque aéreo, segundo o Ministério da
Saúde palestino.
Em um discurso inflamado para os soldados de
infantaria israelenses na fronteira de Gaza, Gallant, o ministro da defesa,
pediu que as forças "estivessem prontas" para avançar. Israel reuniu
dezenas de milhares de soldados ao longo da fronteira.
"Quem vê Gaza de longe agora, a verá de
dentro", disse ele. "Pode levar uma semana, um mês, dois meses até os
destruirmos", acrescentou, referindo-se ao Hamas.
Com os suprimentos se esgotando devido ao completo
cerco israelense, alguns moradores de Gaza estão limitados a uma refeição por
dia e bebendo água suja.
O Egito e Israel ainda estavam negociando a
entrada de combustível para os hospitais. O porta-voz militar israelense,
contra-almirante Daniel Hagari, disse que o Hamas roubou combustível das
instalações da ONU e Israel quer garantias de que isso não acontecerá.
O Ministério da Saúde de Gaza pediu aos postos de
gasolina que fornecessem combustível aos hospitais e uma agência da ONU doou
parte de seu último combustível. A única usina de energia de Gaza foi desligada
na semana passada, forçando os palestinos a depender de geradores, e nenhum
combustível foi enviado desde o início da guerra.
A doação da agência ao Hospital Shifa da Cidade de
Gaza, o maior do território, "nos manteria funcionando por mais algumas
horas", disse Abu Selmia, diretor do hospital. (Com agências
internacionais).
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Tomer Neuberg/Flash90.