Menos de 24 horas depois de confirmar a veículos de imprensa que o
tenente-coronel Mauro Cid iria apontar Jair Bolsonaro (PL) como mandante de um
esquema que desviou presentes milionários recebidos pela Presidência da
República, o advogado Cezar Bitencourt recuou e afirmou não ter falado sobre as
transações envolvendo as joias recebidas pelo ex-presidente por delegações
estrangeiras.
Em mensagem enviada ao Estadão na madrugada desta sexta-feira, 18, Bitencourt
disse: "Não tem nada a ver com joias! Isso foi erro da Veja não se falou
em joias [sic]".
Citada pelo advogado, a revista Veja publicou na noite dessa quinta-feira, 17,
que o Mauro Cid decidiu confessar que vendeu joias nos Estados Unidos a mando
de Bolsonaro. Ainda segundo a reportagem, o ex-ajudante de ordens da
Presidência da República vai dizer que o dinheiro arrecadado foi enviado ao
ex-presidente, o que pode configurar peculato e lavagem de dinheiro.
Além da Veja, o advogado também reiterou o teor da nova linha da defesa a outros
veículos. "A questão é que isso pode ser caracterizado também como
contrabando. Tem a internalização do dinheiro e crime contra o sistema
financeiro", afirmou o defensor, de acordo com a publicação. "Mas o
dinheiro era do Bolsonaro", prosseguiu ele.
Bitencourt assumiu a defesa de Cid na terça-feira, dia 15. Um dia depois, ele
deu indícios de que a linha de defesa seria mostrar que o tenente-coronel
apenas cumpria ordens, mesmo "ilegais e injustas".
"Essa obediência hierárquica para um militar é muito séria e muito grave.
Exatamente essa obediência a um superior militar é o que há de afastar a
culpabilidade dele. Ordem ilegal, militar cumpre também. Ordem injusta, cumpre.
Acho que não pode cumprir é ordem criminosa", disse o advogado, em uma
entrevista concedida à GloboNews.
A Polícia Federal cumpriu na sexta-feira da semana passada, 11, mandados de
busca e apreensão no caso das joias. Entre os alvos da operação estava Mauro
Cid, hoje preso por um outro esquema ilegal de falsificação de cartões de
vacina.
Também estão envolvidos no desvio das joias o pai do tenente-coronel, o general
da Reserva Mauro César Lourena Cid, o segundo tenente Osmar Crivelatti e o
advogado Frederick Wassef. A corporação estima que o esquema tenha rendido R$ 1
milhão.
Fonte: Agência Brasil
Foto: Lula Marques/Agência Brasil