O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quinta-feira, 14, que
pela primeira vez conseguiu indicar um "comunista" para assumir uma
vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro da Justiça, Flávio Dino,
teve sua indicação para a Corte aprovada na quarta-feira, 13, pelo plenário do
Senado. Dino, que foi juiz federal, lançou-se no mundo político como candidato
a deputado federal pelo PCdoB.
O atual ministro da Justiça também se elegeu governador do Maranhão pelo mesmo
partido. Em 2022, Dino foi eleito senador pelo PSB.
"Pela primeira vez na história desse País conseguimos colocar na Suprema
Corte um ministro comunista", disse Lula ao discursar na Conferência
Nacional da Juventude. Dino passou por mais de dez horas de sabatina no Senado.
Sua indicação foi aprovada por 47 senadores com voto contrário de 31.
Em abril de 2015, Flávio Dino, primeiro governador eleito do PCdoB, participou
do programa Espaço Público, da TV Brasil. No final da entrevista, foi
perguntado sobre a forma que a agenda comunista poderia responder às demandas
da população. O então governador disse que é necessário ser coerente e que,
enquanto "socialista, comunista e marxista", ele faz "o que
Lenin recomendava". Dino explica que, na visão do soviético, a
recomendação era a "análise concreta da situação concreta" - a frase
foi citada por Lenin em 1920 na revista Internacional Comunista.
'Escravos do celular'
Na mesma solenidade, o presidente lembrou que quando era sindicalista cobrava
hora extra por 10 minutos a mais de trabalho, mas que hoje as pessoas são
escravas do celular.
"Antigamente, eu trabalhava 10 minutos a mais que meu horário de trabalho
eu pedia hora extra, eu abria processo. Hoje, se trabalha de escravo no
celular. Trabalha na hora do almoço, na hora que vai ao banheiro, na hora que
sai do serviço, na hora que vai deitar, e ninguém paga nada pelo excesso da
jornada que cada um de nós faz nesse País", declarou o presidente.
Lula é crítico contumaz das atuais relações de trabalho ligadas à tecnologia,
principalmente nos casos dos aplicativos de entrega e transporte.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto:Marcos Oliveira/ Agência Senado