O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, iniciou seu
discurso na 78ª Sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU)
criticando as desigualdades do atual sistema de governança global e destacando
que as oportunidades que cada criança terá são traçadas "ainda no ventre
da mãe". Segundo ele, a governança mundial trata injustiças como
"fenômenos naturais" da humanidade.
"O destino de cada criança que nasce neste planeta parece traçado ainda no
ventre de sua mãe. Se irá fazer todas as refeições ou se terá negado o direito
de tomar café da manhã, almoçar e jantar diariamente", disse o presidente
do Brasil, durante discurso da 78ª Sessão da Assembleia Geral da Organização
das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira, 19.
Como é tradição, o presidente brasileiro é o primeiro a discursar em Nova York.
"É preciso, antes de tudo, vencer a resignação, que nos faz aceitar tamanha
injustiça como fenômeno natural. Para vencer a desigualdade, falta vontade
política daqueles que governam o mundo", acrescentou o presidente.
Na fala, o brasileiro trouxe dados que mostram que os 10 maiores bilionários do
mundo possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade.
Lula volta ao discurso na ONU após 14 anos. Ele lembrou que, há 20 anos, ocupou
a tribuna pela primeira vez e, nesta terça, retornou com "inabalável
confiança na humanidade".
Em 2003, conforme comentou, o mundo ainda não havia se dado conta da gravidade
da crise climática. "Hoje, ela bate às nossas portas, destrói nossas
casas, nossas cidades, nossos países, mata e impõe perdas e sofrimentos a
nossos irmãos, sobretudo os mais pobres", disse.
No discurso, ele também retomou o debate sobre a fome. "A fome, tema
central da minha fala neste Parlamento Mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735
milhões de seres humanos, que vão dormir esta noite sem saber se terão o que
comer amanhã", disse. Em sua visão, o mundo está cada vez mais desigual.
No início, Lula também manifestou condolências às vítimas de terremotos no
Marrocos e tempestade na Líbia e citou o ciclone extratropical que atingiu o
Rio Grande do Sul nas últimas semanas.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Reprodução/ ONU TV