O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu em seu discurso na posse de
Paulo Gonet como procurador-geral da República que o Ministério Público não
ache que todo político é corrupto. O petista voltou a pregar contra a negação
da política, e citou os ataques de 8 de janeiro como consequência da
deslegitimação da atividade.
"Não existe a possibilidade de o Ministério Público achar que todo
político é corrupto", disse o presidente da República nesta segunda-feira,
18. Ele também declarou que acusações levianas não fortalecem a democracia e
disse que não se deve permitir vazamentos de investigações antes de a
veracidade das informações ser confirmada.
A fala de Lula na posse da PGR tem simbolismo porque o petista foi o principal
alvo da Operação Lava Jato. O presidente ficou preso 580 dias por causa da
operação, e depois teve os casos anulados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A reação à Lava Jato é uma tônica de seu governo, apesar de Lula não ter
mencionado a operação no discurso.
O presidente da República pediu a Gonet para que ele não faça o Ministério
Público "se diminuir" diante da expectativa da população. Afirmou que
o novo PGR deve ser o mais sincero, honesto e duro possível - mas também o mais
justo possível.
Lula também disse que nunca pedirá um favor pessoal ao novo procurador-geral, e
que o MP precisa "jogar o jogo de verdade".
Paulo Gonet foi escolhido para o comando da Procuradoria-Geral da República sem
ter sido incluído pelos procuradores na lista tríplice elaborada pela
categoria. Lula vinha dizendo desde a campanha de 2022 que não necessariamente
iria se ater aos nomes escolhidos pelos procuradores - em seu primeiro governo,
o petista havia respeitado a lista tríplice.
Um dos motivos de a lista tríplice ter sido abandonada é o ressentimento do PT
com Rodrigo Janot, que foi o procurador-geral da República durante o auge da
Lava Jato. Mais votado da lista tríplice quando de sua escolha, por Dilma
Rousseff, Janot não só deixou a força-tarefa de Curitiba agir sem obstáculos
como teve protagonismo em algumas investigações da operação.
Ficou famosa frase do então procurador-geral em 2017. No fim de sua passagem
pela chefia do MPF, Janot foi questionado se manteria o ritmo das investigações
até o fim de seu mandato. Respondeu o seguinte: "Enquanto houver bambu,
vai ter flecha".
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Pedro França/Agência Senado