O Ministério das Relações Exteriores da França anunciou que a operação
para retirar seus cidadãos do Níger começará nesta terça-feira, 1, e que
"os cidadãos europeus que desejarem deixar o país" poderão
participar.
"Tendo em vista a situação em Niamei [capital do Níger], os atos de
violência perpetrados anteontem contra nossa embaixada e o fechamento do espaço
aéreo, que deixa nossos compatriotas sem a possibilidade de sair por seus
próprios meios, a França está se preparando para evacuar seus cidadãos e os
cidadãos europeus que desejarem deixar o país. Essa evacuação começará
hoje", disse o ministério.
O governo francês estima que o número de civis franceses no Níger esteja entre
500 e 600. Até o momento, outros governos europeus não anunciaram operações de
retirada de cidadãos, mas países como a Espanha pediram a seus cidadãos que
informassem seu paradeiro à embaixada.
Em uma entrevista à BFMTV na noite desta segunda-feira, a ministra das Relações
Exteriores da França, Catherine Colonna, reiterou os pedidos de seu país para a
reintegração do presidente deposto Mohamed Bazoum e negou as acusações dos
militares pró-golpe do Níger de que a França está preparando uma intervenção
militar.
Ele também enfatizou que é "possível" que a Rússia esteja tentando
"tirar proveito" da crise, mas evitou culpar Moscou pelo golpe e o
atribuiu a "uma ação oportunista" de um oficial militar de alto
escalão. A França, uma antiga potência colonial no Níger, tem um contingente de
1.500 soldados no país para apoiar a luta contra o golpe.
No último domingo, 30, durante uma manifestação em apoio aos golpistas,
centenas de pessoas protestaram violentamente em frente à embaixada francesa na
capital do Níger.
Em resposta, o governo do presidente Emmanuel Macron advertiu sem rodeios que
agiria "imediata e decisivamente" se seus interesses fossem atacados.
Na segunda-feira, 31 o Palácio do Eliseu, sede do governo francês, disse que
Macron havia conversado em várias ocasiões com Bazoum e com seu antecessor, que
está atuando como mediador, bem como com os líderes de outros países da região,
como parte de uma longa série de contatos em busca de uma solução para a crise
no Níger.
Golpe de Estado
Na última sexta-feira, 28, militares consolidaram o golpe que derrubou o
primeiro governo democraticamente eleito no Níger. O general Abdourahamane
Tchiani foi nomeado o novo líder do país africano, que teve a Constituição
suspensa. Com isso, os Poderes Executivo e Legislativo ficam unificados sob o
comando de Tchiani.
Em discurso na TV estatal, o general disse que foi nomeado presidente da junta
militar que derrubou o governo e justificou o golpe pela "deterioração da
situação de segurança" no país.
No mesmo dia, Macron fez coro aos apelos internacionais pela libertação de
Bazoum e restituição da ordem democrática no país. "Este golpe de Estado é
completamente ilegítimo e profundamente perigoso para os nigerinos, para o
Níger e para toda a região", repreendeu Macron.
A história do Níger é marcada por uma secessão de golpes desde que o país
declarou independência da França, na década de 1960.
A tomada de poder pelos militares também foi condenada por vizinhos africanos,
Estados Unidos, ONU e União Europeia, que suspenderam a ajuda financeira que
fornecem ao Níger. AssIm como, líderes da África Ocidental agora fazem bloqueio
econômico contra o Níger em tentativa de ultimato aos golpistas. (Com agências
internacionais).
Fonte: Estadão conteúdo
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