O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (CSNU) adiou a
votação do projeto de resolução do Brasil sobre o conflito entre Israel e
o grupo Hamas. A sugestão da Rússia foi vetada nesta segunda-feira, 16.
Sem consenso sobre o tema, a proposta sugerida pela diplomacia
brasileira, com apoio de outros membros do órgão, será apreciada nesta
terça-feira, 17.
A postergação da votação do texto proposto pelo Brasil dá tempo ao País -
que está na presidência do Conselho de Segurança da ONU este mês -
angariar apoio para uma eventual aprovação. A presidência brasileira
está engajada em encontrar uma linguagem que possa ser aceita pela
maioria dos membros do CSNU, incluindo americanos e russos, de acordo
com fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast. Um dos pontos de atenção seria a não menção à expressão "cessar-fogo" na proposta de resolução sugerida pelo Brasil.
A reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas para
a votação das propostas de resolução para a guerra no Oriente Médio foi
suspensa minutos após ter iniciado na sede do órgão, em Nova York.
Representantes dos Emirados Árabes Unidos pediram mais tempo para que os
embaixadores pudessem ter consultas a portas fechadas sobre alguns
pontos antes de os membros se manifestarem sobre os textos.
Na retomada da votação, a proposta da Rússia foi apresentada, mas
rejeitada pelo Conselho. O texto que defendia "imediato cessar-fogo"
recebeu cinco votos a favor, quatro contra e seis abstenções, incluindo o
Brasil.
São necessários ao menos nove votos, considerando o total de 15 países
que formam o CSNU, para que o projeto de resolução seja aprovado. Além
disso, não pode ser vetado por nenhum dos cinco membros permanentes:
Estados Unidos, Reino Unido, China, França e Rússia.
Dentre os países que votaram contra à proposta russa, estiveram Estados
Unidos, França e Reino Unido. A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas
Greenfield, afirmou que a proposta de resolução russa falha em não
condenar o grupo Hamas. "Infelizmente, a resolução da Rússia falha em
não fazer nenhuma menção ao Hamas. Falhar ao condenar o Hamas é dar
cobertura a um grupo de terrorista que brutaliza inocentes. É
ultrajante, super crítico e indefensável", disse ela, ao defender o veto
ao texto
A China foi a favor da proposta russa. A delegação chinesa disse também
que a proposta brasileira é "bem-vinda". "Lamentamos profundamente o
fato de o Conselho não ter chegado a um acordo sobre esse projeto de
resolução. As questões humanitárias não devem ser politizadas. O
conflito está se espalhando", afirmou o embaixador da China na ONU,
Zhang Jun, defendendo um consenso.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: UN Photo/ Flirk