O ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) transferiu R$ 800 mil para um banco dos Estados Unidos antes de
viajar ao país no final de dezembro de 2022. O objetivo da transferência,
segundo investigação da Polícia Federal (PF), seria se manter em solo americano
enquanto uma tentativa de golpe de Estado se desdobrava no Brasil e, se
necessário, se instalar no exterior para se precaver de um inquérito pela
conspiração de ruptura do Estado democrático de direito. As informações constam
em um documento da PF obtido pela revista Veja nesta quarta-feira, 14.
A quebra de sigilo bancário do então presidente demonstra que, prestes a
encerrar o mandato, Bolsonaro fez uma operação de câmbio de 800 mil reais em 27
de dezembro de 2022. "Evidencia-se que o então presidente Jair Bolsonaro,
ao final do mandato, transferiu para os Estados Unidos todos os seus bens e
recursos financeiros, ilícitos e lícitos, com a finalidade de assegurar sua
permanência do exterior, possivelmente, aguardando o desfecho da tentativa de
Golpe de Estado que estava em andamento", afirma o documento da PF.
A PF observa que os recursos financeiros podem ser "ilícitos e
lícitos" por suspeitar que parte do montante transferido tenha sido
acumulado com o "desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por
autoridades estrangeiras". A tentativa de entrada ilegal de joias
recebidas em viagens oficiais pelo governo Bolsonaro foi revelada em março de
2023 pelo Estadão.
Investigados se anteciparam de 'eventual persecução penal'
De acordo com a PF, Bolsonaro e os demais investigados da Operação Tempus
Veritatis "tinham a expectativa de que ainda havia possibilidade de
consumação do golpe de Estado". Da mesma forma estavam cientes dos
ilícitos cometidos e tentavam se precaver de "eventual persecução
penal", ou seja, da instalação de um inquérito e da eventual
responsabilização na Justiça pela tentativa de romper com o Estado democrático
de direito.
"Alguns investigados se evadiram do país, retirando praticamente todos
seus recursos aplicados em instituições financeiras nacionais, transferindo-os
para os EUA, para se resguardarem de eventual persecução penal instaurada para
apurar os ilícitos", aponta o documento.
Passaporte de Bolsonaro está retido
Na quinta-feira passada, dia 8, a Tempus Veritatis cumpriu mais de 30 mandados
de busca e apreensão, tendo como alvos aliados próximos de Bolsonaro. O
ex-presidente não foi alvo de mandado de prisão, mas teve que entregar seu
passaporte às autoridades.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil