A renovada seleção brasileira de Fernando Diniz voltou a tropeçar nas
Eliminatórias Sul-Americanas. O atacante Gabriel Martinelli, uma das caras
novas em relação às convocações anteriores, fez o gol que garantia a vitória do
Brasil. Garantia porque a equipe nacional levou dois gols em um intervalo de
quatro minutos e perdeu de virada para a Colômbia, por 2 a 1, na noite desta
quinta-feira.
Luiz Díaz foi o personagem da partida. O atacante do Liverpool, que viveu um
drama com seu pai em cativeiro por 12 dias depois de ter sido sequestrado pelo
grupo guerrilheiro Exército de Libertação Nacional (ELN), marcou duas vezes de
cabeça no segundo tempo e fez sua seleção conseguir algo até então inédito:
ganhar do Brasil em um jogo de Eliminatórias.
Díaz fez surgir uma catarse em Barranquilla. Os colombianos comemoraram muito o
triunfo sobre o Brasil, que sofreu sua segunda derrota seguida - outra marca
negativa inédita - e o terceiro tropeço consecutivo no torneio qualificatório.
A tão esperada reação terá de vir contra a arquirrival e atual campeã mundial
Argentina, que perdeu para o Uruguai em Buenos Aires. O clássico será disputado
no Maracanã, na próxima terça-feira.
O novo revés rebaixa o Brasil ao quinto lugar na tabela de classificação, com
sete pontos, e pressiona o técnico Fernando Diniz, que foi campeão continental
recentemente com o Fluminense, mas não tem sido feliz em sua leitura de jogo à
frente da seleção pentacampeã. O treinador fez escolhas erradas, como tirar de
campo Rodrygo, um dos poucos que se sobressaía em campo.
INÍCIO BOM, MAS FUGAZ
Martinelli foi às redes aos três minutos do primeiro tempo, período em que a
seleção dominou os anfitriões, com passes curtos e tramas envolventes. Uma
dessas tramas resultou no gol do jogador do Arsenal, da Inglaterra. Ele tabelou
com Vini Jr. e atirou seu corpo à frente para finalizar rasteiro e vencer o
goleiro Vargas.
Cobrado por não jogar na seleção a bola que joga no Real Madrid, Vini Jr. deu
indícios de que seria um dos protagonistas da partida, mas uma lesão abreviou
sua participação. Dores musculares na coxa tiraram o astro do Real Madrid de
campo aos 26 minutos. O jovem João Pedro entrou em seu lugar e pouco
participou.
Até porque, dos 20 minutos até o fim da etapa inicial o Brasil marcou mal, não
conseguiu mais atacar e foi dominado pelos colombianos. Liderada por Luis Díaz,
a seleção da Colômbia pressionou os brasileiros de todas as formas.
Alisson teve de trabalhar muito para evitar os gols de Luiz Días, James
Rodríguez e Jorge Carrascal. O goleiro foi competente no primeiro tempo e
também contou com a sorte. No entanto, na etapa final, o Brasil, defensivamente
perdido, sucumbiu. As chances que perderam nos primeiros 45 minutos os
colombianos converteram na etapa final.
Depois que Diniz decidiu tirar Rodrygo para lançar mão de Paulinho, morreu o
meio de campo brasileiro. Eram muitos atacantes em campo, pouca criatividade e
uma marcação frouxa, sobretudo devido à fragilidade dos laterais Emerson Royal
e Renan Lodi. Foi difícil para o torcedor, acostumado com Cafu e Roberto
Carlos, entre outros laterais históricos, assistir a atletas na mesma posição
com tantas debilidades técnicas.
A Colômbia se valeu dessas deficiências do Brasil para empatar e virar em
quatro minutos graças a seu craque. Luis Díaz, inspirado, fez de cabeça os seus
dois gols, o primeiro aos 29 e o segundo, aos 33. Nos dois lances, ele subiu
livre, sem marcação, no meio dos zagueiros, para cutucar às redes.
Diniz tentou corrigir seus erros no final. Colocou Endrick, o jovem fenômeno do
Palmeiras que, aos 17 anos e 118 dias, se tornou o atleta mais novo a vestir a
camisa nacional desde Ronaldo Fenômeno, em 1994, e o quarto no geral, atrás
apenas de Pelé, Edu e Coutinho. Mas o garoto - e os outros que entraram no fim
- não teve tempo para mostrar serviço. Só correram atrás dos colombianos, que
festejaram muito a vitória em casa.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Reprodução Instagram/ fcfseleccioncol