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PESO DA MALA

Prefeito de Belém patina em ranking nacional e pressiona MDB antes da eleição

Pesquisa AtlasIntel não mediu o sentimento do eleitorado relacionado ao projeto encaminhado e aprovado pela Câmara sobre aumento do IPTU.

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  • Da Redação | Coluna Olavo Dutra
  • 22/12/2025, 11:00
Prefeito de Belém patina em ranking nacional e pressiona MDB antes da eleição
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avaliação da gestão do prefeito de Belém, Igor Normando, do MDB, que já era desconfortável, agora ganha carimbo nacional. Pesquisa divulgada nesta sexta-feira 19 pelo instituto AtlasIntel coloca o gestor entre os prefeitos das capitais com pior desempenho do País, em um levantamento que avaliou a percepção da população sobre todas as administrações municipais.

 

Para 47%, o desempenho do prefeito é “regular”, enquanto 32% classificam a administração como “ruim” ou “péssima”/Fotos: Divulgação.

No ranking geral de aprovação, Igor Normando aparece na 17ª posição entre 26 prefeitos. Quando o recorte é a avaliação específica da gestão, Belém cai ainda mais: 19ª colocação.

Números que não ajudam

Os dados foram coletados entre 6 de outubro e 5 de dezembro, com 82.781 entrevistas em todo o Brasil, sendo 1.377 em Belém. O resultado revela um quadro de desgaste precoce: 43% dos belenenses reprovam a administração; 42% aprovam; e 15% não souberam ou não opinaram.

Quando a avaliação se aprofunda, o cenário piora. Apenas 19% consideram a gestão “ótima” ou “boa”. Para 47%, o desempenho é apenas “regular”, enquanto 32% classificam a administração como “ruim” ou “péssima”.

 Antes da tempestade

O dado mais sensível é o momento da coleta. A pesquisa foi realizada antes de o prefeito enviar à Câmara de Vereadores de Belém o projeto de lei apelidado de “pacote da maldade”, que autoriza a atualização do valor venal dos imóveis com base no mercado.

Na prática, a medida abre caminho para aumento real do IPTU e elevação do ITBI, encarecendo a compra e venda de imóveis em Belém. A proposta provocou reação imediata, ampliou o desgaste político do prefeito e ocorreu em meio à ameaça de paralisação do serviço público municipal. Traduzindo: os números já eram ruins antes do novo conflito. O impacto político completo ainda está por vir.

Âncora para o MDB

Nos bastidores do governo estadual, a leitura é direta: a gestão Igor Normando se transformou, em apenas 12 meses, em uma âncora eleitoral para o MDB em Belém e na região metropolitana.

Após décadas de rejeição do eleitorado belenense ao partido e ao grupo Barbalho, Helder Barbalho conseguiu romper essa barreira ao vencer e se reeleger governador com votação expressiva na capital, pavimentando a eleição de Normando à prefeitura. O movimento, agora, ameaça fazer o caminho inverso.

A avaliação negativa do prefeito começa a puxar o MDB para baixo, afetando pré-candidaturas estratégicas, especialmente a de Hana Ghassan, apontada como nome do grupo para a sucessão de Helder no Executivo estadual.

Oposição confortável

Enquanto isso, o principal nome oposicionista na região metropolitana observa o cenário com tranquilidade. O prefeito de Ananindeua aparece hoje como figura confortável no tabuleiro, beneficiado pelo desgaste da capital e pela erosão da base governista em Belém.

A pesquisa da AtlasIntel não cria o problema - apenas o escancara. Com índices frágeis, uma agenda fiscal impopular e ruídos políticos internos, a gestão Igor Normando deixa de ser ativo e passa a ser risco para o próprio grupo que a elegeu.

Em política, há desgastes que se corrigem com tempo. Outros, com comando. Quando falta um e o outro, a conta costuma chegar antes da eleição.

Papo Reto

·Foi bonita a festa, pá. O governador Helder Barbalho (foto) comandou a confraternização de fim de ano reunindo secretários, diretores, assessores, parlamentares e prefeitos em torno de um único tema: eleições de 2026.

·O chefe da Casa Civil, Luiziel Guedes, foi um dos mais demandados no encontro - senão assediado - por prefeitos em busca de informações privilegiadas do núcleo dirigente.

·Uma conclusão comum entre os presentes: o governador tem que continuar jogando peso no Agro para semear o distanciamento do setor com a direita.

·De um leitor da coluna: “os retornos fechados na BR realmente causam transtornos por conta dos longos caminhos que são exigidos para alguém achar uma brecha autorizada de retorno.

·Imaginem agora o usuário que trafega pela avenida Independência e encontra no entroncamento com a Hélio Gueiros e e a Rodovia dos Trabalhadores um semáforo de 3, ou 4, longos tempos instalado para substituir a rotatória existente.

·É uma tragédia. Os engarrafamentos ficam quilométricos e não aparece um imbecil, formado em engenharia de mobilidade, para resolver esse transtorno”.

·Aliás, “para atender meia dúzia de incomodados, invoca-se o suplício de milhares, através de engarrafamentos infernais”, diz uma assídua leitora da coluna em relação à ordem do MP para a volta dos retornos da BR-316, “contra o bom senso e as normas da engenharia”.

·"Já pensou se um absurdo desses ocorresse na avenida Brasil ou nas grandes vias de São Paulo, onde um retorno dista 10 km do outro?"

·"Será que o governo vai bancar essa briga e provar a eficácia da retirada desses retornos?" – indaga.

·Outro leitor opina: "é justamente por isso que a Augusto Montenegro continua naquele inferno, engarrafando a todo instante, porque os retornos, que não existiam no projeto original, foram impostos por políticos".


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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.