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Em Acará

Ponte frágil desafia estudantes, enquanto os políticos ensaiam promessas e lixo

Ponte de madeira carcomida pelo tempo, promessas políticas e descaso é o caminho diário de estudantes rumo ao futuro.

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  • 14/09/2025, 17:00

Não bastassem os problemas diários, comunidades passam a se preocupar com ameaça que poderá chegar pela Alça Viária: o lixo da Grande Belém/Divulgação-Redes Sociais.


E


m Acará, município a pouco mais de 20 quilômetros de Belém, o caminho até a escola é uma aventura que ninguém pediu. Em vez de rua pavimentada, os alunos atravessam uma ponte de madeira longa e carcomida onde cada passo soa como aviso de que o fundo do rio está perto demais. Quando chove, o piso vira sabão; no verão, as fendas revelam o quanto a estrutura já perdeu a força original. É o tipo de perigo tão cotidiano que chega a parecer normal - até o dia em que deixa de ser.

Sobre os tais líderes

Enquanto crianças equilibram mochilas e esperanças sobre tábuas frouxas, as figuras mais influentes da política local e da região parecem disputar quem fala mais alto sobre “desenvolvimento”. O prefeito Pedrinho da Balsa, do MDB, e 15 vereadores acenam com planos ocos de manutenção e o senador Beto Faro, do PT, ecoa críticas - seriam reais? - ao projeto em estudo na Secretaria de Meio Ambiente para receber o lixo da Região Metropolitana de Belém nas cercanias. Já a família do deputado Iran Lima, de Moju, líder do governo na Assembleia e na região, mantém silêncio seletivo, apesar de ter alguma influência local: discursos sob medida para eventos, mas nenhuma resposta clara sobre quem vai consertar a ponte - ou impedir que toneladas de resíduos desembarquem no seu quintal e no quintal alheio. Todos quedos e mudos, como convém.

Pequenas comunidades da região se organizam em reuniões improvisadas, tentando entender por que precisam escolher entre travessia perigosa e a ameaça de virar depósito de lixo metropolitano. “Querem que a gente aceite tudo calado?”, indaga um morador, lembrando que o mesmo caminho inseguro serve para levar alimentos, doentes, professores, crianças.

Incerteza e vácuo

Os estudantes, porém, não estão nas audiências sobre o aterro nem nas fotos de gabinete. Eles estão lá, todos os dias, atravessando madeira gasta, corrimão improvisado e buracos que revelam o curso d’água. Se a ponte ceder, não será por falta de aviso: será por excesso de descaso.

Política ambiental, neste pedaço do Pará, anda de mãos dadas com infraestrutura precária. Fala-se de sustentabilidade, mas ninguém garante o básico - segurança, transporte digno, escola acessível. Quando o assunto é ponte, a pressa some; quando o tema é lixo, aparecem estudos, reuniões, promessas de mitigação.

 Vai encarar?

Acará precisa menos de discursos e mais de travessias seguras. A ponte onde crianças arriscam a vida é a metáfora perfeita da relação entre o poder público e quem vive longe dos holofotes: todo mundo sabe que pode ruir, mas ninguém se move antes da queda. Enquanto isso, a pergunta ecoa: quem topa continuar passando por cima do problema - literalmente?

Papo Reto

O Clube do Remo já tem um “Faraó” para chamar de seu. O jogador grego Panagiotis Tachtsidis (foto) foi contratado para integrar o milionário elenco azulino que, pelo andar da carruagem, não consegue acertar o passo para a Série A do Brasileirão.

•A grandiosidade do Círio de Nazaré também se expressa nos cartazes da imagem da Santa distribuídos nos quatro cantos do País: quase 1 milhão de exemplares.

Aliás, nesta terça-feira, 16, a Diretoria da Festa de Nazaré apresenta a camisa oficial do Círio de Nazaré em parceria com as diretorias do Vasco, Remo, Paysandu e Tuna, por meio do Projeto Selo do Círio.

•É a primeira vez que um clube de fora do Pará, o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, produz um modelo em homenagem ao Círio. 

Os três principais clubes paraenses se reúnem pela quinta vez para lançar uma camisa oficial com o selo, em tributo a Nossa Senhora de Nazaré e em comemoração ao Círio 2025.

•Recado do Papa Leão XIV aos bispos recém-nomeados pelo Vaticano: “Comportamento inadequado do clero não pode ser “engavetado”. Como para o bom entendedor meia palavra basta, acautelam-se os “bispos de palácios”, inclusive no Pará.

O livro coletivo sobre a luta marajoara, praticada em municípios do Marajó, foi lançado na semana passada no Congresso Brasileiro de Ciência do Esporte, em São Paulo.

•A luta marajoara provém da cultura dos povos aruás, que habitavam a região, e dos negros escravos, no início da colonização.

O professor Dário Pedrosa acompanhou e colaborou com o livro, que tem como principais autores Rogério Freitas, Welison Andrade e Carlos Afonso dos Santos.

Mais matérias OLAVO DUTRA

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.