Lula demite Celso Sabino do Turismo e entrega vaga para o União Brasil Crédito e compras elevam os riscos de inadimplência para início do Ano Novo CNJ entra em campo, recomenda correição e expõe o silêncio do Judiciário do Pará
QUEDA E COICE

Lula demite Celso Sabino do Turismo e entrega vaga para o União Brasil

Ex-ministro cai uma semana após expulsão do União Brasil e no auge das especulações eleitorais no Pará.

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  • Da Redação | Coluna Olavo Dutra
  • 17/12/2025, 18:10
Lula demite Celso Sabino do Turismo e entrega vaga para o União Brasil
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deputado federal Celso Sabino - sem partido - foi demitido nesta quarta-feira, 17, do Ministério do Turismo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. A decisão ocorre apenas uma semana depois de Sabino ter sido expulso do União Brasil, partido pelo qual chegou ao primeiro escalão do governo federal.

Levantamento da Paraná Pesquisa aponta Helder com 55,9%, seguido por Celso Sabino, com 31,4%, Zequinha Marinho e Chicão Melo/Fotos: Divulgação.
A exoneração, por si só, já seria politicamente ruidosa. Ganha contornos ainda mais estranhos por coincidir com a divulgação de números expressivos de intenção de voto para o Senado no Pará - e com a exposição pública de Sabino ao lado do governador Helder Barbalho, do MDB, em agendas recentes.

Turbulência partidária

A saída do ministro ocorre em meio a uma queda de braço entre o União Brasil e o Palácio do Planalto. Nos bastidores de Brasília, a leitura predominante é que o partido deve “fazer as pazes” com Lula e indicar um substituto mais alinhado à nova correlação de forças internas da legenda.

Nesse contexto, Celso Sabino tornou-se peça descartável: fora do partido, sem blindagem política e, ao que tudo indica, com capital eleitoral próprio crescendo rápido demais para alguns aliados e potenciais concorrentes.

Porta muito estreita

À frente do Ministério do Turismo, Sabino chegou a comemorar resultados expressivos, como o recorde de mais de 8 milhões de turistas estrangeiros no Brasil em 2025. Também esteve envolvido diretamente nas articulações para a realização da COP30, em Belém, um dos principais eventos internacionais do governo Lula neste mandato.

Nada disso, porém, foi suficiente para garantir sua permanência. No governo Lula, desempenho técnico segue sendo critério secundário quando o tabuleiro político entra em ebulição.

Senado no radar

Uma das motivações apontadas nos bastidores para a demissão seria a pesquisa divulgada nesta quarta-feira pela Paraná Pesquisas, na qual Celso Sabino aparece competitivo na disputa por uma vaga no Senado.

Segundo o levantamento, Helder Barbalho lidera com 55,9%, seguido por Celso Sabino, com 31,4%. Na sequência aparecem o senador Zequinha Marinho, do Podemos, com 26,1%, e o deputado estadual Chicão Melo, do MDB, presidente da Assembleia Legislativa, com 12,6%.

A leitura política é direta: a saída de Sabino do ministério reduziria sua exposição nacional e favoreceria, ainda que indiretamente, outros nomes do MDB no páreo.

Silêncio estratégico

Oficialmente, tudo permanece no campo das especulações. Até o momento, Helder Barbalho, Celso Sabino e Chicão optaram pelo silêncio. Nenhuma nota, nenhuma declaração, nenhum gesto público.

O fato é que o xadrez político paraense segue longe de qualquer definição. As peças continuam sobre o tabuleiro, mas os movimentos - como mostrou a demissão desta quarta-feira - podem ser abruptos, inesperados e decididos longe dos holofotes.

No jogo de Brasília, cair já não basta. Às vezes, o coice vem junto.

Ex-ministro deixa o
Turismo com recordes
e confirma disputa de
vaga ao Senado em 2026

Celso Sabino, deixa o governo com resultados inéditos e um legado robusto para o setor turístico brasileiro. À frente da pasta desde julho de 2023, Sabino encerra sua passagem pelo ministério com o turismo reposicionado como vetor estratégico da economia nacional, acumulando recordes históricos, fortalecimento da imagem internacional do Brasil e impacto direto na geração de empregos. Entre os principais marcos está a chegada à inédita marca de 9 milhões de turistas estrangeiros em 2025, patamar nunca antes alcançado pelo país.

Apesar do tom institucional e de agradecimento ao presidente Lula, a saída de Sabino ocorre em um ambiente político que extrapola os números da gestão. Nos bastidores, sua demissão acontece poucos dias depois de uma ruptura abrupta com o União Brasil, partido que o expulsou a toque de caixa, e em meio a uma reacomodação nacional da legenda, que voltou a negociar espaços no governo federal, inclusive pleiteando novamente o comando do Ministério do Turismo.

Momento sensível

No Pará, esse movimento ganha contornos ainda mais sensíveis. Enquanto o União Brasil recompõe pontes com o Palácio do Planalto, avança simultaneamente uma negociação interna para a transferência do controle partidário no Estado ao deputado Chicão, presidente da Assembleia Legislativa e aliado direto do governador Helder Barbalho. 

A expulsão de Sabino, a reaproximação do União Brasil com o governo Lula e a reorganização da legenda no Estado acontecem no mesmo compasso em que o ministro desponta como nome competitivo da disputa ao Senado. Para aliados de Sabino, trata-se de uma tentativa clara de enfraquecer sua trajetória eleitoral num momento de ascensão.

Ao encerrar sua passagem pelo ministério, Sabino deixa claro que a saída não representa um recuo, mas uma transição. Tranquilo quanto às negociações políticas que envolvem a governabilidade nacional, ele afirma que agora atende a um novo chamado: o das urnas. O ex-ministro confirma que irá disputar uma vaga no Senado Federal pelo Pará, alinhado ao presidente Lula e defendendo o que classifica como o melhor projeto para o Brasil e para o Estado.

ÍNTEGRA DA NOTA DE CELSO SABINO

“Saio do governo do presidente Lula com a certeza de que deixo o turismo brasileiro em um novo patamar, nunca antes atingido, tendo alcançado recordes que colocam o setor sob um novo olhar do ponto de vista econômico e social. Inclusive, na próxima sexta-feira (19), chegaremos a marca inédita de 9 milhões de turistas estrangeiros em nosso país, resultado de um trabalho intenso de reforço na promoção internacional, na ampliação da malha aérea, na melhoria da infraestrutura turística e na qualificação profissional de quem está na linha de frente do atendimento ao turista.

Destaco ainda a capacidade de geração de emprego em nosso setor. Entre janeiro e outubro, o turismo registrou 1.535.894 admissões formais, segundo dados do Novo Caged.

Agradeço o apoio do presidente Lula nessa missão a mim confiada em julho de 2023, com a certeza de que ela foi cumprida com êxito.

Num momento difícil da minha vida, não titubeei em ficar ao lado do Pará e do povo do meu estado. Tomei a decisão certa, e os resultados estão aí pra provar isso, que valeu a pena ficar no Ministério do Turismo, para que a COP30 fosse de pleno êxito, como foi. Não seria irresponsável de largar tudo às vésperas, em meio a muitas dúvidas, diante dos desafios e preconceitos impostos àquela época.

Por isso, meu compromisso era de permanecer à frente do Ministério do Turismo até a realização da COP30, realizada em novembro em Belém, e que deixou um legado sem precedentes para o Brasil e, principalmente, para o povo do Pará, para o qual eu sempre trabalhei e honrei.

Fico feliz com essa empreitada, valeu a pena, mas é hora de ouvir o chamado do povo e seguir meu caminho. Compreendo as relações necessárias para a governabilidade de um país e estou tranquilo em relação a isso.

Assim como recebi um chamado do presidente Lula, agora recebo e aceito o chamado para uma nova missão. Irei disputar as eleições para o Senado Federal, pelo meu estado do Pará, ao lado do presidente Lula, e com a certeza de que temos o melhor projeto para o País e para o meu querido Estado do Pará”.

Papo Reto

Por uma razão qualquer, a Corregedoria do TJ esqueceu de abrir procedimento de correição justamente no Cartório Antônio Pereira - Cartório do 1° Ofício de Registro de Imóveis, Registro Civil das Pessoas Naturais e Tabelionato de Notas de Bragança.

• Dizem que a serventia é o recordista em denúncias e reclamações no Conselho Nacional de Justiça. Aliás, os Pereira sob fogo cruzado devido à disputa pela interinidade do Cartório de Tracuateua. 

A Comissão de Assuntos Sociais do Senado aprovou semana passada a proposta do senador Zequinha Marinho (foto) que isenta idosos com 20 anos ou mais de exercício de contribuições a conselhos profissionais.

•Trabalhadores da Petrobras iniciam greve nacional por tempo indeterminado reivindicando reajuste salarial de 9,8% e o fim dos descontos em fundo de pensão.

Por 320 a 109, a Câmara aprovou ontem a retirada de gastos em saúde e educação da meta fiscal.

•O contrato do Banco Master com a esposa de Alexandre de Moraes previa um pagamento de R$ 129 milhões em três anos em troca da defesa da instituição financeira em casos que viessem a ser instaurados no Banco Central, Receita Federal, Congresso Nacional e outros órgãos.

O documento, no entanto, segue em sigilo na investigação da Polícia Federal por ordem do Supremo Tribunal Federal.

• Mais de 56% dos brasileiros relatam temor de falar sobre política no WhatsApp, diz a pesquisa “Os Vetores da Comunicação Política em Aplicativos de Mensagens”, realizada pelo grupo Internetlab, que ouviu 3.113 pessoas com 16 anos ou mais.

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.