Entre o contrabando histórico e a indústria global, riquezas amazônicas mudam de mãos enquanto o Estado assiste.
e o Brasil não é um trem descarrilhado, parece. Fronteiras porosas, fiscalização frouxa e um sistema alfandegário cheio de atalhos ajudam a explicar por que riquezas amazônicas continuam mudando de mãos - quase sempre sem pedir licença. O resultado é um País que domina conhecimento, genética e biodiversidade, mas perde mercado, escala e protagonismo.

Nos anos 1990, empresas japonesas registraram a marca “cupuaçu” e patentes associadas no exterior, cobrando royalties de produtos brasileiros feitos com um fruto amazônico. Só após pressão diplomática e reação institucional o Brasil conseguiu reverter parte do prejuízo. Ainda assim, a lição parece não ter sido aprendida.
Hoje, os “avanços” sobre a biodiversidade amazônica assumem outra forma: produção fora do território de origem, escala industrial e domínio de mercado. Dois casos ilustram o paradoxo - o açaí e o tambaqui.
Símbolo cultural do Norte, o açaí passou a ser cultivado em larga escala no Nordeste. No Ceará, a produção irrigada avança e o Estado já figura entre os dez maiores produtores do País. A meta, antes considerada ousada, virou realidade: abastecer o mercado interno e exportar derivados.
A lógica é simples. Embora seja uma palmeira associada a áreas alagadas, o açaí se adapta bem à irrigação controlada. No Ceará, a produção ocorre o ano inteiro, sem depender do extrativismo.
“O Ceará tem um diferencial: produzimos açaí o ano todo. Não é extrativismo, é produção irrigada”, afirma o empresário Alberto Félix, diretor da Agropar Fazenda de Açaí. O projeto começou com cinco hectares próprios e avança para áreas de terceiros e novas propriedades.
Dados do IBGE mostram que o cultivo no Estado começou em 2022, em seis municípios, com 475 toneladas. Em 2023, chegou a sete municípios e 671 toneladas, com Paracuru liderando, ao atingir 300 toneladas. Em 2024, a Grande Fortaleza aparece como maior produtora, com 216 toneladas, seguida por Limoeiro do Norte, com 170.
Nada disso ameaça, por ora, a liderança do Pará, que mantém produção anual acima de 1,5 milhão de toneladas. Mas o movimento sinaliza algo maior: a desconexão entre origem cultural e lógica de mercado.
Se o açaí ainda preserva hegemonia brasileira, o tambaqui já cruzou uma fronteira mais sensível. Nativo da bacia amazônica e símbolo da piscicultura do Norte, o peixe passou a ser produzido em escala industrial fora do país. A China lidera hoje a produção e a exportação mundial.
O sucesso chinês não é casual. O tambaqui reúne atributos valiosos para a aquicultura intensiva: crescimento rápido, rusticidade, boa conversão alimentar e carne apreciada. Tolera variações ambientais e alcança peso comercial em ciclos curtos - exatamente o que o modelo industrial exige.
A China incorporou a espécie à sua matriz aquícola por meio de programas controlados de introdução, melhoramento genético e cultivo tecnificado. Opera com escala, logística integrada, processamento industrial e exportação contínua. Resultado: ultrapassou o Brasil em volume total produzido.
O paradoxo é evidente. O Brasil segue como referência científica e genética do tambaqui. Os principais bancos genéticos estão no País. Técnicas de reprodução induzida, larvicultura e engorda tropical foram desenvolvidas aqui, em universidades e centros de pesquisa nacionais.
Boa parte do conhecimento aplicado hoje na Ásia tem origem brasileira. Ainda assim, o País perdeu escala industrial. A diferença está no modelo econômico. Enquanto a China trata o tambaqui como commodity global, o Brasil ainda o encara, em grande medida, como peixe regional. Aqui, predomina o consumo fresco, as feiras locais e os mercados regionais - o que limita padronização, volume e inserção internacional.
Mesmo assim, a produção brasileira alcançou 113,6 mil toneladas em 2023, segundo o IBGE. Potencial não falta. Clima, água, área disponível e conhecimento científico estão dados. Falta decisão.
A trajetória do açaí e do tambaqui expõe uma fragilidade estrutural: o Brasil protege mal o que produz melhor. Domina a biodiversidade, mas não a transforma em estratégia de Estado. Entre o contrabando histórico e a indústria global, a Amazônia segue como fornecedora involuntária de oportunidades.
O País assiste, registra estatísticas e publica estudos. Outros planejam, escalam e faturam. O trem segue em movimento - e ninguém parece interessado em puxar o freio.

•O vereador Jorge Vaz (foto), do PRD, manda avisar, a quem interessar possa, que “desconhecia qualquer ligação de um funcionário de seu gabinete com facção criminosa”.
•Em nota, o parlamentar afirma que “jamais foi comunicado ou teve conhecimento prévio sobre qualquer envolvimento ilegal relacionado ao servidor citado”. Impressionante.
•De acordo com a assessoria, Jorge Vaz “não coaduna, em nenhuma hipótese, com atos criminosos ou ilegais”, reafirmando seu compromisso com a legalidade, a ética e o respeito às instituições.
•O líder comunitário Cleiton Sales, que exercia função no gabinete parlamentar, foi exonerado nesta segunda-feira.
•A Comissão de Cultura da Câmara Federal foi favorável à criação do ingresso social, que estende o direito à meia-entrada em eventos culturais, esportivos e de lazer a quem realizar doações em benefício de populações vulneráveis.
•Projeto que torna obrigatória a apresentação do registro profissional por médicos, dentistas e veterinários no momento da encomenda de carimbos ou receituários foi aprovado na Comissão de Saúde da Câmara.
•O senador Alessandro Vieira anunciou que vai apresentar relatório paralelo pela rejeição do PL da Dosimetria na CCJ do Senado.
•Para ele, o texto aprovado pela Câmara tem "vícios insanáveis" e pode afrouxar penas para crimes além dos atos golpistas.
•O presidente da CCJ, Otto Alencar, afirmou que o PL da Dosimetria não tem chances de ser aprovado na comissão em sua versão atual.
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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