Mesmo com alta do cacau, brasileiros mantêm média de consumo de chocolate

Levantamento da Neogrid revela como oscilações de preço refletem nas gôndolas e no comportamento do shopper; bombons atingem 67,3% de presença nas compras em maio

08/07/2025, 14:00
Mesmo com alta do cacau, brasileiros mantêm média de consumo de chocolate

São Paulo, SP – No Dia Mundial do Chocolate, celebrado nesta segunda-feira, 7, a Neogrid, empresa de tecnologia e inteligência que desenvolve soluções para a gestão da cadeia de consumo, aponta como a crise global do cacau tem impactado diretamente os consumidores. Levantamento da empresa mostra que os preços dosprincipais derivados, especialmente o chocolate, continuam em alta, tornando o doce cada vez mais amargo no bolso dos brasileiros.


Segundo a pesquisa, entre junho de 2024 e janeiro de 2025, os preços médios das barras de chocolate e dos bombons subiram, atingindo picos de R$ 113,84 e R$ 113,93, respectivamente, no início de 2025. Se a partir de fevereiro, o valor dos bombons começou a cair, chegando a R$ 107,94 em maio, as barras de chocolate voltaram a subir em abril, alcançando R$ 108,73 naquele mês.


A explicação é a quebra de safra do cacau em países da África Ocidental, responsáveis por 65% da produção mundial, o que fez o preço da matéria-prima disparar, levando o quilo do produto a triplicar e atingir, em abril deste ano, o maior valor em cinco décadas. Relatório da Organização Internacional do Cacau revelou que 81% das plantações em Gana - o segundo maior produtor mundial – estão infectadas pelo vírus que causa a doença do broto inchado do cacau (CSSV, da sigla em inglês).


Já o creme de chocolate foi a única categoria a apresentar alta contínua no período, subindo 14,7% e encerrando maio a R$ 99,41, seu maior valor no intervalo analisado. Embora tenha caído de R$ 86,64 em junho do ano passado para R$ 83,00 em dezembro, o preço reverteu a tendência e cresceu mês a mês entre janeiro e maio de 2025, consolidando o aumento acumulado de 14,7% em 12 meses.


Bombons e chocolates recheados


As variações no mercado não impediram o crescimento de itens mais indulgentes. Chocolates recheados e bombons registraram presença de 67,3% nas compras em maio, com elevação de 2,1 pontos percentuais (p.p.) ante janeiro. Em contrapartida, as barras de chocolate perderam espaço no mesmo período, com redução de -5,1 p.p.


“Essa mudança no mix de consumo indica que, além do preço final, o comportamento do brasileiro se adapta em relação ao produto”, analisa Anna Carolina Fercher, líder de Dados Estratégicos na Neogrid. “Como o consumidor já sabe que precisará pagar mais por esses itens, há uma clara tendência de valorização de chocolates mais sofisticados, como os bombons, que proporcionam uma experiência diferenciada com foco na qualidade, inovação e exclusividade.”


Cacau em pó


Já a categoria de chocolate em pó, entre janeiro a maio de 2025, viu sua presença cair de 84,7% para 79%, sugerindo uma possível perda de relevância ou substituição por versões menos processadas. O cacau em pó, por sua vez, avançou de 15,7% para 21,5% no mesmo período, apesar do incremento de 6,2% no preço ao longo dos 12 meses, fechando maio a R$ 94,34 o quilo.


O chocolate em pó continua associado ao preparo de receitas caseiras. Os dados do estudo apontam forte convivência com biscoitos, leite condensado e creme de leite. Já a categoria de chocolates prontos tem uma relação mais pulverizada com snacks, refrigerantes e pão.


“O impacto da alta histórica do cacau no mercado ainda se desdobra no comportamento do shopper. Mesmo com um alívio recente nos contratos futuros, o consumidor já demonstrou mudanças no padrão de compra e novas preferências de produto”, finaliza Fercher. 


Foto: Agência Pará

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