Renegociação de dívidas

Programa “Desenrola Brasil” começa e pode beneficiar mais de 70 milhões de pessoas

De acordo com o Serasa mais de 2,4 milhões de paraenses vivem na inadimplência

17/07/2023 17:22
Programa “Desenrola Brasil” começa e pode beneficiar mais de 70 milhões de pessoas

Começou a valer nesta segunda-feira (17), o programa “Desenrola Brasil”, projeto criado pelo governo federal para renegociação de dívidas. A nova renegociação foi uma das promessas do presidente Lula durante o período de campanha eleitoral. De acordo com o Ministério da Fazenda mais de 70 milhões de brasileiros vão ser beneficiados pelo novo projeto. O público-alvo das negociações são as pessoas com renda de até dois salários mínimos. O presidente Lula comentou nas redes sociais o início do programa. “Ninguém gosta de ficar com o nome sujo. Vamos ajudar o povo a reconquistar a dignidade”, comentou o presidente.

De acordo com a última pesquisa divulgada pelo Serasa em abril, mais de 2,4 milhões de paraenses estão na inadimplência, o que representa 39,79% da população do estado. Entre eles está o professor Nilson Costa,  de 51 anos, que adquiriu uma dívida por conta das compras com cartão de crédito. “Eu sempre emprestava meus cartões para pessoas da família, até que em um determinado momento algumas parcelas não foram pagas e eu tinha que repor. Chegou uma época que eu não tinha mais dinheiro para pagar as mensalidades então acabei ficando com o nome sujo. Por estar desempregado, a dívida foi acumulando e os juros foram aumentando. Agora tenho uma dívida de quatro mil reais. Com esse novo programa vou tentar renegociar a dívida com o banco e limpar meu nome”, concluiu Nilson.

Para a universitária Marcia Leticia, 23 anos, a organização financeira é a primordial para não ficar inadimplente. “Como eu ganho apenas a minha bolsa de estágio, eu tenho que gastar menos do que eu recebo. Eu fiz o meu primeiro cartão de crédito quando tinha 22 anos e eles já liberaram um bom limite, mas como minha renda mensal não é alta, tive que me planejar para não extrapolar nas compras. Então, eu fiz a minha organização financeira e está dando certo até agora. Espero que eu continue assim, porque tem gente na minha idade que já tem o nome sujo”, reforçou Marcia.

Para o economista Nélio Bordalo, essa é uma ótima oportunidade para os brasileiros que querem voltar a ter um crédito com os bancos. “É uma alternativa interessante para quem está endividado. Isso prejudica direto o crédito do devedor, porque certamente o CPF está no registro dos órgãos de proteção, e isso impacta para pessoa ter um crédito no banco e fazer qualquer tipo de compra. É um momento oportuno para negociar, mas tem que ser dentro da realidade de cada pessoa. O valor mensal a ser pago tem que estar adequado ao orçamento do devedor para não virar outra dívida”, explica o economista.

Segundo o Ministério da Fazenda, existe duas maneiras de aderir ao programa. A primeira é para quem tem a renda mensal até dois salários-mínimos, que atualmente está em R$ 2,640, e para os inadimplentes que fazem parte do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Para essas pessoas, a dívida não pode passar de R$ 5 mil. A segunda faixa é para os devedores com renda acima de R$ 20 mil, que poderão aderir ao programa pelo site do gov.br e canais específicos que serão indicados pelos agentes financeiros. As dívidas podem ser parceladas no mínimo de 12 vezes. Para participar das negociações os devedores têm que ter sido incluídos no cadastro de inadimplentes entre 1º de janeiro de 2019 até o dia 31 de 2022.

Já aqueles que têm dívida com o banco de até R$ 100 podem ficar tranquilos que o débito será perdoado. O nome do devedor será retirado automaticamente pelas instituições financeiras. De acordo com o Ministério da Fazenda essa ação vai beneficiar cerca de 1,5 milhões de brasileiros que ficarão com o nome limpo novamente.

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